quarta-feira, 4 de março de 2009

04/03/2009

Num lugar existem azulejos com motivos florais e paredes caiadas.
O sei, vi essas frações e interpreto as flores a partir de mera curva. Sei da alvura, da extensão em cal, pela luminância, o quintal.
O que não antevejo são as eclipses. O crescente e o minguante dentro do espaço. A lanterna-mágica de suas fases, esquivas-ofertas; invade o que há de livre, nutre o segundo plano (o mais amplo dos planos).
O rendado branco ali permanece; fiandeiras de arabescos, linhas que se entrelaçam e agora caem livremente em curva.
Permito-me um último gesto, um salto de fé. Em momentos de queda livre, só se possui a resistência do ar como abrigo. A fertilidade do pouso parece tão sólida; um vilarejo ideal para depositar este universo que carrego na esfera de pétalas adormecidas.
Mas a outra face da lua talvez exista; aquela para onde vou quando vejo que as projeções são apenas ecos de minha voz; autofagia dos sentidos.
Ignoro esta possibilidade por hora, por crer, e ver (n)os motivos florais, as paredes caiadas.