Na erma flor (dita)
cuja esfera - africana filigrana
composta de tardes veraneias
vejo incrustada em sua derme:
rubro cerne, enalteçam!
como me vês,
de plongeé?
ou contra-plongeé?
o fato é que não me importo.
Vago solto nas ruas, calçadas imundas
ofego contra luzes
contra o laranja das pedras portuguesas.
"que fazes tu, a andar afoito?"
"tento acompanhar o passo,
o ternário, o compasso
e a cama de se estirar o gozo".
Brandirei teus traços
à procura dos índices,
constituintes do magenta -
essa cor transfigurada de sangue em neve.
Também ignoro
a falta de realidade ou realeza
em tua estória, notória
terrena emancipação.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
10/06/2009
arritmiasmasperezacalantadorambarcalorosamarela
(arritmias)m(a)spe(reza)cal(e)nt(a)(dor)(a)m(barca)lo(rosa)m(a)r(ela)
(ar)rit(miasma)sp(e)rez(acalentadora)m(barca)loros(amarela)
(a)rritmiasm(aspereza)calent(adora)mb(a)r(calorosa)(mare)la
arritmi(asma)sperez(a)c(ala)nta(do)r(ambar)(calo)r(o)sa(mar)ela
(arritmias)m(a)spe(reza)cal(e)nt(a)(dor)(a)m(barca)lo(rosa)m(a)r(ela)
(ar)rit(miasma)sp(e)rez(acalentadora)m(barca)loros(amarela)
(a)rritmiasm(aspereza)calent(adora)mb(a)r(calorosa)(mare)la
arritmi(asma)sperez(a)c(ala)nta(do)r(ambar)(calo)r(o)sa(mar)ela
segunda-feira, 8 de junho de 2009
07/06/2009
óbolo mnemônico
os ares de Espanha
cerceiam débil plano
que dantes carregava
coisas ocas como as caras
dos que não ousamos perturbar.
Dormêncianunciação
das horas amarelas
não delicadas, amarelas
- concentração de intervalos
entre colheradas,
poderiam assemelhar-se
à suco processado
de laranjas não cheiradas.
Caço o aroma.
Entre correntes abafadas
malogradas
vê-se Cáceres
alcalinaverborrágica
imantada pelos anseios
de ambular
pelo Paseo de Cánovas crepuscular.
os ares de Espanha
cerceiam débil plano
que dantes carregava
coisas ocas como as caras
dos que não ousamos perturbar.
Dormêncianunciação
das horas amarelas
não delicadas, amarelas
- concentração de intervalos
entre colheradas,
poderiam assemelhar-se
à suco processado
de laranjas não cheiradas.
Caço o aroma.
Entre correntes abafadas
malogradas
vê-se Cáceres
alcalinaverborrágica
imantada pelos anseios
de ambular
pelo Paseo de Cánovas crepuscular.
domingo, 31 de maio de 2009
abril / 2009
borda os dias
não bordas comigo
na borda do dia
de borla no riso
desdobras os lírios.
O que é alvo, consigo.
Desfio o manto
dispo o santo
dos dias, do pranto.
Janto
não bordas comigo
na borda do dia
de borla no riso
desdobras os lírios.
O que é alvo, consigo.
Desfio o manto
dispo o santo
dos dias, do pranto.
Janto
quarta-feira, 4 de março de 2009
04/03/2009
Num lugar existem azulejos com motivos florais e paredes caiadas.
O sei, vi essas frações e interpreto as flores a partir de mera curva. Sei da alvura, da extensão em cal, pela luminância, o quintal.
O que não antevejo são as eclipses. O crescente e o minguante dentro do espaço. A lanterna-mágica de suas fases, esquivas-ofertas; invade o que há de livre, nutre o segundo plano (o mais amplo dos planos).
O rendado branco ali permanece; fiandeiras de arabescos, linhas que se entrelaçam e agora caem livremente em curva.
Permito-me um último gesto, um salto de fé. Em momentos de queda livre, só se possui a resistência do ar como abrigo. A fertilidade do pouso parece tão sólida; um vilarejo ideal para depositar este universo que carrego na esfera de pétalas adormecidas.
Mas a outra face da lua talvez exista; aquela para onde vou quando vejo que as projeções são apenas ecos de minha voz; autofagia dos sentidos.
Ignoro esta possibilidade por hora, por crer, e ver (n)os motivos florais, as paredes caiadas.
O sei, vi essas frações e interpreto as flores a partir de mera curva. Sei da alvura, da extensão em cal, pela luminância, o quintal.
O que não antevejo são as eclipses. O crescente e o minguante dentro do espaço. A lanterna-mágica de suas fases, esquivas-ofertas; invade o que há de livre, nutre o segundo plano (o mais amplo dos planos).
O rendado branco ali permanece; fiandeiras de arabescos, linhas que se entrelaçam e agora caem livremente em curva.
Permito-me um último gesto, um salto de fé. Em momentos de queda livre, só se possui a resistência do ar como abrigo. A fertilidade do pouso parece tão sólida; um vilarejo ideal para depositar este universo que carrego na esfera de pétalas adormecidas.
Mas a outra face da lua talvez exista; aquela para onde vou quando vejo que as projeções são apenas ecos de minha voz; autofagia dos sentidos.
Ignoro esta possibilidade por hora, por crer, e ver (n)os motivos florais, as paredes caiadas.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
12/02/2009
Vês a sincronia pluvial?
Duas esferas se precipitam,
uma no rio outra no mar.
As profundezas são incógnitas
e a água da chuva se mistura
com o sal marinho e a terra ribeira,
nublado limite entre distintas matérias.
E assim seguia o rio, e assim ondulava o mar;
de tempos em tempos alagando
suas margens; suas praias.
A nascente fluvial, ainda que distante,
se fazia presente no caudaloso movimento
– e os ecos da nascente eram a essência do rio;
suas verdades mais profundas.
O mar não tinha memória;
já apresentava as partículas do passado
amalgamadas em todas suas gotas;
passadas e presentes,
e intuía o futuro olhando para cima,
à espera da próxima torrente.
E assim seguia o rio, e assim ondulava o mar;
contentores de todos os tempos.
Numa das curvas do rio, o fluxo se assoma de afluentes.
Convergem para o leito principal
linhas encontram o ponto de fuga.
Qual será a finalidade de tanta água;
tantos caminhos se sobrepondo?
O mar também se adensa,
atraído pela lua em maré alta.
Suas ondas transformam o espelho hídrico de outrora
em topografia, paisagens líquidas se apresentam
nas ondulações suaves.
E assim seguia o rio, e assim ondulava o mar;
na fase cheia do ciclo.
De súbito, revela-se o motivo de tanto volume.
A foz se aproxima.
Com o rio se alargando em delta
e o mar se estreitando em resposta;
ambos questionam como será o gosto desta fusão
o ponto de encontro entre a fertilidade do rio
e a transparência do mar.
o acre se funde ao azul,
limites são testados em silêncio
e neste ponto me encontro,
de encontro a fenômeno sublime
entre o curso do rio e a ondulação do mar.
Duas esferas se precipitam,
uma no rio outra no mar.
As profundezas são incógnitas
e a água da chuva se mistura
com o sal marinho e a terra ribeira,
nublado limite entre distintas matérias.
E assim seguia o rio, e assim ondulava o mar;
de tempos em tempos alagando
suas margens; suas praias.
A nascente fluvial, ainda que distante,
se fazia presente no caudaloso movimento
– e os ecos da nascente eram a essência do rio;
suas verdades mais profundas.
O mar não tinha memória;
já apresentava as partículas do passado
amalgamadas em todas suas gotas;
passadas e presentes,
e intuía o futuro olhando para cima,
à espera da próxima torrente.
E assim seguia o rio, e assim ondulava o mar;
contentores de todos os tempos.
Numa das curvas do rio, o fluxo se assoma de afluentes.
Convergem para o leito principal
linhas encontram o ponto de fuga.
Qual será a finalidade de tanta água;
tantos caminhos se sobrepondo?
O mar também se adensa,
atraído pela lua em maré alta.
Suas ondas transformam o espelho hídrico de outrora
em topografia, paisagens líquidas se apresentam
nas ondulações suaves.
E assim seguia o rio, e assim ondulava o mar;
na fase cheia do ciclo.
De súbito, revela-se o motivo de tanto volume.
A foz se aproxima.
Com o rio se alargando em delta
e o mar se estreitando em resposta;
ambos questionam como será o gosto desta fusão
o ponto de encontro entre a fertilidade do rio
e a transparência do mar.
o acre se funde ao azul,
limites são testados em silêncio
e neste ponto me encontro,
de encontro a fenômeno sublime
entre o curso do rio e a ondulação do mar.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
25/01/2009
Costumava ir ao leito antes de ser acometido pelo sono e então se iniciava o processo. Lâmpada apagada, a luminária anteriormente deixava o quarto todo rajado pela refração da luz no vidro canaletado. Saudosa esfera, magma do cubo branco.
Fazia esforço agora para contagiar a escuridão com esta memória, das listras luminosas nas paredes. Em vão.
Depois de meia hora, tempo suficiente para que a saturação negra atingisse seu ápice, o apertar de olhos, o vincar de dobras no rosto, começavam a produzir halos. Indagava se a maior profundidade do nada tinha essas cores secretas - não de luz, não de tinta, mas de pressão: uma pressão cromática no fundo de um nada.
Seu corpo envolto pelos tecidos transparentes mantinha-se estático agora que a transparência era maciez. “Ignore isso” pensava enquanto produzia redemoinhos nos lençóis, espirais de pano se proliferavam, auxiliares dos sonhos.
Uma pequena fuga surgia.
Seria possível desenhar a cartografia das janelas? A vista do seu quarto já bastava – o enquadramento dos batentes brancos detinha um bric-à-brac de janelas, lado a lado. Conhecia bem a segunda da esquerda do prédio bege. Morada de um homem e uma mulher que andavam pelo apartamento, sumiam e ressurgiam tão compenetrados em sua vida conjugal.
A janela da torre do hospital era um pequeno purgatório. Seu pai dissera ser uma sala de raio-X, daí a luz diferente que esta unidade emanava todas as noites.
O cume do arco gótico apontava para o próximo olho-mágico. Este, revelava uma escada desembocando num corredor branco; era a janela da espera. Alguns minutos tinham que passar antes que aparecesse um pequeno grupo de pessoas em volta de uma maca. E estas existências se resumiam apenas a tais instantes pois davam lugar à alva parede.
O que mais incomodava o garoto não eram essas ocorrências singulares, mas a sincronia tão improvável deste vasto grupo de ações desconexas: abrir a geladeira enquanto um corredor permanece inabitado e um homem é varrido por raios invisíveis e um garoto insone testemunha este mapa numa noite de 1991.
Fazia esforço agora para contagiar a escuridão com esta memória, das listras luminosas nas paredes. Em vão.
Depois de meia hora, tempo suficiente para que a saturação negra atingisse seu ápice, o apertar de olhos, o vincar de dobras no rosto, começavam a produzir halos. Indagava se a maior profundidade do nada tinha essas cores secretas - não de luz, não de tinta, mas de pressão: uma pressão cromática no fundo de um nada.
Seu corpo envolto pelos tecidos transparentes mantinha-se estático agora que a transparência era maciez. “Ignore isso” pensava enquanto produzia redemoinhos nos lençóis, espirais de pano se proliferavam, auxiliares dos sonhos.
Uma pequena fuga surgia.
Seria possível desenhar a cartografia das janelas? A vista do seu quarto já bastava – o enquadramento dos batentes brancos detinha um bric-à-brac de janelas, lado a lado. Conhecia bem a segunda da esquerda do prédio bege. Morada de um homem e uma mulher que andavam pelo apartamento, sumiam e ressurgiam tão compenetrados em sua vida conjugal.
A janela da torre do hospital era um pequeno purgatório. Seu pai dissera ser uma sala de raio-X, daí a luz diferente que esta unidade emanava todas as noites.
O cume do arco gótico apontava para o próximo olho-mágico. Este, revelava uma escada desembocando num corredor branco; era a janela da espera. Alguns minutos tinham que passar antes que aparecesse um pequeno grupo de pessoas em volta de uma maca. E estas existências se resumiam apenas a tais instantes pois davam lugar à alva parede.
O que mais incomodava o garoto não eram essas ocorrências singulares, mas a sincronia tão improvável deste vasto grupo de ações desconexas: abrir a geladeira enquanto um corredor permanece inabitado e um homem é varrido por raios invisíveis e um garoto insone testemunha este mapa numa noite de 1991.
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